Incrível como o caminho do triathlon, assim como na vida,
tem suas fases e parece que o caminho é sempre em círculos. De tantos em tantos
anos, entro na mesma fase, e depois vou pra outra fase, sempre em círculos,
sempre em altos e baixos, sempre repetitivos de tempos em tempos.
Hoje me vejo como em 2011, uma época que tive a oportunidade
de ficar um tempinho no Estados Unidos, fazendo duas provas e entre elas,
ficando em Boulder. E acredite se puder, foi uma das fases mais desanimadas do
meu treinamento. Certamente, olho para trás e sei que a vida pessoal e
profissional afeta muito os estados de ânimos do nosso treinamento esportivo.
Me vejo hoje, numa fase desanimada com o triathlon, mas ao
mesmo tempo, com a consciência de que essa fase tem algo que as outras
similares não tiveram: a certeza de que não quero mais voltar a Kona.
Nos altos e baixos de 2008 a 2015, minhas provas de Ironman
foram sempre a busca incansável pelo número um, não por uma obsessão de grandes
ganhadores (não sou uma delas, com certeza), mas pela vaga pra Kona. E sempre
que larguei em um Ironman, a vaga pra Kona só existiria se ganhasse a
categoria, nem mais ou menos. Quando penso nas minhas provas de superação,
todas elas, se ligam a esse antigo objetivo.
Agora se passaram 5 idas a Kona, muito sofrimento e
sacrifício para isso, principalmente pelo lado financeiro, pois o treinamento
físico não acho nada sofrido, mas sim, gostoso e muito rotineiro. Agora sei que
fazer um Ironman sem esse objetivo, certamente vai me deixar completamente não-competitiva,
qualidade que eu já sou. Não sou competitiva; não sou obcecada por vencer; não
faço e nem faria tudo para vencer e nunca consigo compreender pessoas assim.
Não tenho idéia do que é fazer uma prova tão longa e que
exige tanto de garra e vontade (fatores psicológicos) para superação ou para
ter um resultado muito além do esperado. Talvez, tenha que largar com a
expectativa de fazer o esperado mesmo, e nada além ou de especial. Que o especial se
torne a viagem, a nova experiência, as novas pessoas... Mas isso, certamente
não vai acontecer tão cedo. Talvez ano que vem!
Agora, sigo novos rumos. Novas aventuras e novas atmosferas! Mais experiências para me fortalecer e me ensinar; totalmente fora da zona conhecida!
Nas últimas semanas fiz umas provinhas e como é gostoso
madrugar também no domingo, para novas experiências. Dia 5 de junho fiz a Copa
Brasil de 5km, no Guarujá. E apesar do frio extremo, as condições duras do mar
me fizeram sentir que já ganhei em aprendizado. Quanto mais duras as condições,
mais eu gosto, realmente. Não me importo de tomar um coro das nadadoras. Adoro
o clima das maratonas aquáticas.
Dia 12 de junho, corri a Meia Maratona de Campinas; nada surpreendente, mas com certeza uma boa evolução. Fiz
essa prova em 2012 e 2013 e ambos os anos o mesmo tempo de 1hr31’; ambos os
anos terminei mais cansada e destruída no mesmo dia e no seguinte. Esse ano, sai mais devagar, por causa do frio
extremo, estava 6-7 graus (nunca corri numa prova com tanto frio).
Fui correndo e aquecendo no trote leve. Todo ano, as quenianas
vem pra competir entre elas, e em 2012 eu acompanhei os primeiros 2kms delas
que são sempre abaixo de 4’/km. Esse ano nem quis ir junto, talvez pela dor que nos
primeiros passos fortes da largada senti, incomodando o pé. Foi estranho e bizarro. Me preocupei de ter que parar, pela primeira vez na vida em uma provinha. Controlei o
psicológico e fui. A dor passou, consegui aquecer do frio, e a camiseta começou
a me atrapalhar. Odeio manga; corro sempre de top. Mas o frio me fez correr com
uma blusa grudada (aquecer o peito) e uma de manga por cima. O pernito que usei
estava tão velho -ganhei em Kona 2010- que ficou largo, caiu e virou meia. Rsss. Pequenos detalhes que na hora eu esqueço e me foco no ritmo
e na prova.
Na verdade, corri bem ritmado, mas não fiquei no limite, como
estava fazendo nos treinos em que o Rafa ficava de bike do meu lado; a FC
estava muito baixa -por causa do frio - e conseguia falar normalmente. Me senti mais em ritmo de maratona, do que de meia maratona. O
problema é que quando apertava o ritmo mais forte sentia as posteriores da coxa
travando. Colocava a mão e estavam geladas demais. O frio nunca me ajuda; sempre fico muito travada.
Segui o ritmo e comecei a apertar nos últimos 8km, pois a
quinta colocada (fechava o pódio) estava a 150m na minha frente; e apertei um
pouco mais nos últimos 5km. Me aproximei um pouco mais dela, mas não tinha gana
alguma de me matar, para tentar me aproximar mais ou ultrapassá-la, ainda mais
nos últimos 2km que tem uma sequência de subida que quebra o ritmo, e só te faz
pensar em acabar. Assim, terminei 30 segundos atrás dela, 1hr30’ baixo, 6 lugar
geral feminino. Sem pódio, sem premiação, mas tranquila e satisfeita. Ganhei o
dia só de ter corrido nesse dia frio, e com as ruas todas fechadas!
Não ter ido com o pelotão das kenianas e das meninas de 10km
foi a melhor escolha que podia fazer! E desde o ano passado que tenho feito
isso. Largado para fazer a minha prova. Do começo ao fim. Se vier resultado,
como veio no UB515, é um adicional; uma benção; um reconhecimento.
Mas cada dia que passa me liberto mais, e mais, desse tal
reconhecimento. Isso é alimento de ego; nada mais que isso. Quando se faz o que
se ama, não ter reconhecimento algum não deveria muda em nada. Estou aplicando
cada vez mais isso na minha vida, profissional, esportiva, pessoal. Porque
temos que fazer tudo na vida esperando que as pessoas valorizem? Temos que
fazer, porque iremos fazer de qualquer maneira; porque somos felizes fazendo e
porque queremos fazer, por nós mesmos.
Agradeço a Skechers Performance, por me proporcionar os
melhores tênis, com certeza mais macios do mundo; a Elo Academia pelos treinos
e estrutura no que tem de melhor em treinamento de águas abertas; e Açaí Mil
& Ross.
Vamos para as próximas -->
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