quarta-feira, 28 de maio de 2014

Corridinhas e IM Brasil 2014

Mês de maio com diversas participações em corridinhas de rua. Açaí Mil&Ross patrocinando as inscrições e eu correndo atrás de pódiuns. A última corrida foi a Make Up Run, de 6km - que para mim é uma prova contra relógio. A prova foi disputada, talvez por contar como ranking da Federação Paulista de Atletismo. Tinha várias meninas fortes que só competem 5km e 10km. Tive que ralar pra me manter na frente. Fiz muita força e me mantive em 4 lugar até metade da prova, chegando próximo dos 3 para 4km, a Portuga e a baixinha do Décio, me ultrapassaram; comecei a respirar errado sem tempo de correção. Mantive a distância que elas abriram- de uns 150m -até o final. Terminei em 6 lugar, sem podium, mas ainda assim, na frente de várias meninas fortes. Valeu! Foi um ótimo treino.

Dia 25 de maio aconteceu o IM Brasil, em Floripa, e desta vez fui para acompanhar e não para correr. Foi bom gritar para todos os amigos, mas me arrependi de ter ido ficar de fora desta, pois cansa demais.
De fora, foi possível observar pontos negativos da organização que eu nunca percebia de dentro da prova. Além do fato de as mulheres, em geral, jogarem muito sujo no ciclismo. Mulheres e homens. Não tiro o mérito de nenhum atleta que terminou a prova, sei o quanto é desgastante, e o quanto todos se esforçam e superam obstáculos, dentro da prova e em sua preparação. Mas o ser humano é podre e pecador. Ele consegue destruir todas as suas próprias criações, até mesmo as provas mágicas de Ironman.

Sei que não é novidade. Já aceitei isso quando estou correndo uma prova de Ironman. Em todo canto do mundo é assim, alguns lugares mais, outros menos. Kona, mesmo, é patifaria, pois todos querem podium e status. Eu aprendi a aceitar apenas pela paixão e amor que tenho por essa prova. Entretanto, é muito desanimador para quem está de fora. Decepcionante. Fui a um Ironman para me inspirar, e apesar de grandes atletas e momentos históricos para o triathlon brasileiro, vim pra casa decepcionada e desmotivada.

 Vejo que os valores de toda a sociedade e também de muitos triatletas são invertidos. Fama, status, dinheiro, tudo se vai um dia. Nem vou afirmar que é a consciência que fica, porque pessoas assim não tem consciência de que estão fazendo algo errado. As regras são ignoradas e essa nova realidade é a normalidade. Ou se joga sujo e se tem chance de algum resultado expressivo, ou se joga limpo e ai vai ficar de fora.  São escolhas.

Sou triatleta e sei como é duro quando a largada feminina é separada dos homens, sair da água e ter que ultrapassar um monte de pelotões de homens. Eles te engolem, você tenta fulga. É complicado, irritante, duro. Já tive diversas experiências complicadas no ciclismo, porque quase sempre os locais demarcados são pequenos e esmagados; existem muitos buracos e trânsito atrapalhando; e os indivíduos ricos, gordos que treinam passeando não admitem serem ultrapassados por meninas; se for diminuir o ritmo para os pelotões passarem, não consegue andar no ritmo que está treinada. Realmente é uma confusão. Mas Ironman é diferente; a largada é única. Existe um pouco de tudo que citei acima. Mas é um percurso de 180km, o caminho é longo e bem espalhado. Não existe justificativa.

A questão de pelotões pra mim já cansou; é uma questão de caráter, objetivo, e segue uma discussão infinita que envolve outras escolhas; doping, cortar bóia, furar pneu dos outros, etc. Tudo isso, infelizmente, faz parte do esporte. Este foi o motivo de a elite feminina largar 15 minutos atrás da masculina em Kona; e os amadores 30' atrás.

Eu já vivi momentos ruins e fui prejudicada diversas vezes em provas de Ironman, escolhi sempre ser eu mesma, verdadeira. A minha dedicação é sempre baseada na minha evolução, amor e paixão. Porém, não podemos controlar as escolhas dos outros. Por mais duro e decepcionante que o esporte se mostra, o melhor é olhar para o outro lado. Olhar para os atletas puros, que inspiram; olhar para a verdadeira origem do Ironman; para as estórias de superação.

Quando corro um Ironman, não olho para ninguém, apenas para mim mesma. Olho para dentro de mim. Sei que se tirar o melhor de mim, vai ser suficiente SEMPRE pra atingir todos os meus objetivos propostos, pois me preparei para isso. Faço a minha prova, o que foi estipulado na preparação - um treinamento adequado- e jamais corro além da minha realidade. Se todos fizessem o que são capazes e não além disso, ninguém quebraria e ninguém roubaria. Honestidade vem de dentro de nós mesmos. Nós sabemos onde estão nossos limites em uma prova longa como esta; nosso corpo já mostrou. Não se engane.


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