Um ano se passou e as lembranças são muitas. Os meses sem nadar, a busca por equipamentos que me permitissem treinar para Kona... O corpo sente um stress tremendo; enxaquecas fortes, dores de ouvido, ser obrigada a trabalhar com som alto (academia).
Me surpreendo, porque fui a diversos médicos (otorinos) e todos faziam desenhos mostrando o tamanho da perfuração e afirmavam que apenas cirurgia fecharia uma perfuração deste tamanho. Ignorei e segui meu bom senso. Cirurgia não atenderia meu perfil. Eu e meu médico homeopata que me acompanha no geral entramos em consenso e decidimos esperar. Continuar treinando sempre cuidando; esperar e acompanhar.
O sofrimento passou e surgiu apenas aprendizado, uma pessoa mais forte e capaz.
A natureza é perfeita; e o ser humano é forte para se adaptar com qualquer ocorrido; lesões, acidentes.. A gente sente -e muito-, mas recupera.
Em geral, a ciência erra. A medicina erra. Os médicos erram, porque quase sempre subestimam a capacidade do ser humano de recuperar. Subestimam a fé, a vontade daquela pessoa. E muitas vezes, é tudo que basta. Quantos médicos falaram que tal pessoa jamais voltaria a andar, falar, etc. O ser humano sempre supera número e probabilidades. Cada pessoa é única. O ser humano vai muito além.
No esporte, quando alguém está treinando para provas importantes, onde deseja o melhor desempenho; as dores são físicas, mas sofremos maior é o psicológico.
Por quë aconteceu comigo??
Justo eu, que me cuido tanto??
Eu assumo que sou muito dramática, e qualquer situação que me impossibilite de treinar como eu gostaria, encaro como grande castigo. Uma simples doença que me derrube (geralmente sinusite); já me sinto injustiçada, porque me alimento assim-assado, durmo bem, não faço isso ou aquilo; e mesmo assim. Uma das minhas maiores alegrias do dia é treinar, e mesmo assim me foi tirada essa possibilidade. Um dia sem treinar, e entro em depressão. O sentido da minha vida se distorce.
Chega até a ser engraçado, mas é real. Tomadas as devidas proporções, as dificuldades sempre irão existir, e superá-las, com ou sem drama - no meu caso é sempre com - será sempre a única saída. Incrível como as dificuldades que ultrapassamos nos fazem compreender a mensagem verdadeira pelo que estamos vivendo. A visão antes distorcida e dramática, se torna agora clara. Compreende-se porque passamos pelo que passamos.
Indescriptível é ver atletas como Ana Lídia, e outros tantos que passaram por acidentes graves, ou lesões difíceis, conseguirem voltar, depois de tanto tempo, a grandes resultados. Como é bom ver a alegria e a persistência de atletas como esses; que não desistiram jamais.
Como é bom ver para-atletas competirem com tamanha seriedade, força e fé.
O esporte, grande parte das vezes, me faz esquecer das coisas negativas que o ser humano é capaz, e me concentrar em exemplos positivos como superação, dedicação, persistência, fé, paixão, alegria e companheirismo.
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