Fui aos retornos dos médicos e como ninguém esperava que tivesse outra temporada de treinos, foi tomada a decisão de que deveria retornar a natação com tampão -mesmo entrando água no ouvido-, e depois de Kona, a cirurgia.
Cheguei a um momento de extrema maturidade e precaução. Quando viro para trás e vejo o que trilhei este ano, vejo esforço e sofrimento. Paciëncia e muita fé.
A hora de voltar a nadar chegou, e tenho que admitir que é muito sofrimento. Não por ter ficado 60 dias sem nadar, e lógico, perder aptidões físicas; mas sim, de ter que agir contra o próprio corpo. A dor na perfuração é grande e não tem como fugir - uma dor ardida como faringite próxima do pescoço. O tampão ajuda, mas não resolve. Comprei uns produtos nos US e está parado na entrada do país há umas semanas. A dor está lá e com ela uma enorme sensação de que estou agredindo meu corpo. Dureza. Até Kona, todos os dias a dor estará presente para me lembrar de que sou e estou sempre vulnerável a qualquer dificuldade e obstáculo.
Todos nós sabemos das durezas e dificuldades de se viver em um país sem investimento em educação, saúde e esporte. País dos impostos. Fica claro o porque da falta de incentivo do governo e das empresas para o esporte e atletas. Fica claro, porque uma atleta como eu sou um funcionário problema no clube esportivo que trabalho, e não um exemplo a ser seguido. É inacreditável o que os atletas brasileiros superam todos os dias para conseguir seguir no esporte. Assim, as pessoas que me ajudam para conseguir ir a um Mundial, seja este ano ou ano passado, são pessoas que estão dentro do contexto esportivo e que ajudam porque querem ajudar. Não pedem exposição de mídia ou logo. Ajudar pelo simples fato de ajudar é algo TÃO raro hoje em dia, que posso afirmar que apenas em um contexto esportivo, podemos AINDA encontrar pessoas assim.
Fiz um planejamento para Kona, e estou atrás de patrocínios para a viagem. Fechei patrocínio com uma empresa de Engenharia para a vaga-inscrição de Kona, de um grande amigo de infäncia Testolin - de Santa Catarina.
E tenho o grande prazer de dizer que estou com passagens aéreas compradas graças a um amigo de Americana, Marco Favero, um atleta extraordinário, que merecia estar indo pra Kona também -muito triste a ocasião.
Apesar das dificuldades de incentivo financeiro e de saúde -ouvido-, eu tenho motivos fortes e suficientes para treinar bem e estar focada para Kona este ano.
Uma benção.
Obrigada a todos que seguem, leëm, torcem, sofrem, e se alegram juntamente com a minha trajetória.
Nada é fácil; tudo se consegue na batalha de todos os dias e na perseverança. Na vida e no esporte.
Obrigada por estarem sempre juntos!
Sozinha eu não sou nada e não vou pra lugar algum.
Vamos juntos...
Pra Kona!
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