domingo, 8 de julho de 2012

I do that

Sabe aquela galera que não tem NADA a ver com esporte - o resto do mundo!-; não sabe nada sobre triathlon ou treinamento, e te perguntam muito para tentar ter uma idéia do que é que você faz?!
Então, quando paro para tentar compreender o que eu respondo sobre o esporte e sobre minha rotina, acho difícil até eu mesma me convencer! Rsss

"Onde você treina?"
"10hrs de prova?"
"O que você ganha se ganhar uma prova?"
"5hr de bike?"
"3hr de corrida?"
"Você vai sozinha?"

Sim.
Sim.
Sim.
Sim.....

Incrível como um esporte extremamente positivo e inquestionável para mim, é um grande ponto de interrogação na cabeça das pessoas.

"Como alguém que representa o Brasil em um Campeonato Mundial, pode treinar sozinha todos os dias, trabalhar 10hrs por dia e não ter um patrocínio?!"

As vezes, NEM eu consigo explicar.
Na realidade, as vezes, eu NEM tenho vontade de simplesmente tentar explicar.
O fato é que quado a gente gosta do que faz, a gente aprende a superar os obstáculos e os pontos negativos, sempre focando nos pontos positivos e no que aquilo acrescenta para gente. Pois só assim, pode existir um sentido em fazer o que se faz; se dedicar TANTO para aquilo.
Inquestionável é que minha vida é MUITO diferente de um indivíduo considerado "comum". O problema é que meu estilo de vida é uma escolha extremamente prazerosa para mim e não me vejo sendo outra pessoa, que não seja essa que eu sou hoje.

Esta semana fiz um treino longo de 3hrs de corrida na sexta, pois trabalhei de manhã em pleno dia de folga. Fiz 2 Brigadas - um percurso de alto nível de dificuldade; apenas subidas!- e sai para completar pelas ruas.

Domingo fiz um treino longo de bike.
Sim, fui sozinha.
Sim, tenho MUITOS amigos triatletas e ciclistas.
Sim,  minha irmã também treina.
Vou sozinha, porque é difícil coinciliar a rotina de cada um com os treinos. Aqui, a maioria do povo descansa domingo e trabalha de sexta. Eu não. Sabe aquela velha estória, de uma família junta em um mesmo cômodo da casa -na sala- todos juntos, mas cada um com um laptop, ipad, net book. Ninguém fala com ninguém a não ser com as pessoas que estão se comunicando virtualmente, mas está todo mundo lá, irronicamente, no mesmo local, sentandos lado a lado.

Sinceramente?
Não tem nada mais divertido do que fazer algo que se ama com os amigos. Mas também acho muito importante os atletas aprenderem a se conhecer melhor e treinar sozinhos também.
Só evolui quem quer.
Treinar com alguém mais forte te acompanhando, certamente, pode ser mais fácil. Entretanto, tudo é uma questáo de escolha. Basta você escolher o que quer.
 Eu quero sair e fazer força.
Sozinha.
Vai doer mais, talvez.
Vai ser mais chato, COM CERTEZA.
Vai me fortalecer MAIS.
Não pode existir dependência física, pois na prova todos estamos sozinhos. Sozinhos, mas juntos.
Acredito que o motivo de tantos atletas pedalarem no bolo é realmente falta de treinar sozinho e ter certeza que consegue fazer um bom pedal com a cara no vento. Lógico que existem os motivos de economia de energia e pura malandragem, mas também existe um fator puramente psciológico.
Um cara dando pace do teu lado transforma um treino ou uma prova muito mais interessante e motivante do que se imaginar um atleta sozinho fazendo força contra o vento.
Quase sempre é monótono e chato; só que é necessário.

Gostaria muito, de ter a possibilidade de equilibrío, e conseguir combinar uns treinos com a galera. Infelizmente ainda, com minha rotina e horários, não consigo. E quando consigo, eu aproveito muito!
Para nadar, estou com uma galera e meu treinador, 2 vezes na semana. Já é ótimo!
Para correr, prefiro sozinha. Ter alguém do meu lado, me atrapalha. Gosto de perceber meu corpo, ritmos. Me recuso a correr com Garmim ou qualquer aparelho de última geração que diga meu pace; e gosto de trabalhar muito e desenvolver cada vez mais essa percepção. Afinal, a apesar de todo tecnologia ser útil e muitas vezes incrível, acredito que as pessoas estejam fazendo tudo errado...
Para pedalar, sinto falta de cia! Mas acredito que até Kona, tenha resolvido essa questão, e pelo menos uma vez na semana, combine de treinar com algum amigo. Afinal, para tudo se dá um jeito.

Quanto as perguntas, hoje percebo que a maioria dos brasileiros não tem nem um pouco de conhecimento sobre nosso esporte. Muitas pessoas se assustam e afirmam o perigo de treinar sozinha na rua e estrada assim como eu faço.
Sabe no que eu acredito?!
Acredito que se a gente abaixar a cabeça, começar a treinar em seguraça dentro de casa, vamos ser reféns da sociedade e isso nunca vai mudar!
Temos que sair para rua sim! Mostrar que a gente existe, nosso esporte existe e que tem lugar para todos. Tem lugar na estrada pra gente. Tem lugar na rua pra gente.
Se a gente não pedir estrutura física pra treinar, nunca teremos.
Se a gente aceitar o que a sociedade acredita, a gente nunca vai fazer nada; nunca vai mudar nada; nunca vai mostrar nosso ponto de vista e nossas vidas.
Se faltar conhecimento, vai faltar compreensão e respeito.
E afinal, nosso esporte é outdoor. E isso faz parte do prazer e da magia; o vento no rosto, o sol queimando o asfalto, a chuva caindo, o ar puro, paisagens, movimento, pessoas por todos os lados... Para mim, isso tudo é essencial.
Acredito que acidentes acontecem e tragédias também. Se algum dia algo ruim acontecer, estarei fazendo algo que realmente amo e é importante pra mim. Pode ser que nada mude e as pessoas continuem a falar sobre os perigos, mas EU vou saber que fiz o que pude para que as pessoas valorizem e respeitem eu, como atleta.



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