Nossa, como senti o cansaço bater no domingo!
Acordei todos os dias de madrugada para treinar; pedalar e correr; um dia de transição.
Encaixei uma natação junto ao meu treinador, Samir Barel, na quarta, e planejei toda segunda e quarta voltar a nadar com ele de noite, até o IM, para tentar engrenar a natação novamente. E impressionante como a qualidade do treino muda com a presença do treinador. Não estava mais rendendo nadando todo dia sozinha, numa piscina de 50m em que os tempos aumentam, e pior, logo em seguida do do trabalho. A vontade sempre era durmir uma meia hora, comer, enfim...
Psicológico e motivação são tudo no esporte.
Fiz um longuinho de corrida após trabalho na terça.
Quarta foi o dia de cão da semana, em que não só treinei muito, como trabalhei das 7 da manhã até as 18 horas. E se não fosse o pior, peguei um B.O. grande no período final, a qual fui obrigada a pedir para uma aluna se retirar, várias vezes, da academia e chamar os seguranças. Pra quem pensa que ser professora é um trabalho tranquilo. Não é. Tem cada situação; cada um que aparece... Loucura! Neste dia saí muito atordoada para nadar de noite. Nem imaginem. Peguei um trânsito do inferno de bike, no escuro, e até na calçada era difícil de andar. Foi tenso.
Sexta fiz o longão de bike saindo na maior chuva e tempestade. E adivinhem?! A chuva estava apenas em Campinas. Primeiro pedágio de Jaguariúna, tudo seco. E não mais chuva! O que me aliviou muito, porque o fluxo de carro era intenso, por causa do feriado, e a visão estava ruim. Pensei que seria perigoso pedalar os 200km assim, apenas porque não é difícil um idiota te pegar pelo acostamento em um dia assim, com neblina, céu acinzentado, vento, chuva.
No final do treino tive pneu furado, e com problemas em 3 steps, e pneus horríveis com arame -que vou trocar!-; fiquei 1hr tentando resolver isso para que pudesse voltar pra casa nos últimos 8km. Mas não consegui. Fui resgatada de carro. E fiquei com as lombar travada, mais de ter ficado 1hr inclinada tentando arrumar o pneu, do que de ter pedalado 6hrs.
Sábado levantei de madrugada, treinei, trabalhei das 7 até as 16hr. Nadei no fim do dia com chuvinha, apenas uma soltura de 1km na piscina aquecida. Foi mais relaxamento e um breve estímulo muscular do que qualquer outra coisa.
Domingo, com previsão de chuva, aconteceu um Simulado da Elo em Nazaré Pta. Fui atrás de cias para ir e voltar pedalando, mas desisti da idéia, porque ninguém ia. A bike já está toda suja pela chuva de sexta, então o problema seria pegar a Dom Pedro sozinha.
O simulado foi sensacional! Confesso que não tinha energia alguma para fazer nada que não fosse ficar em pé. Nadei meio forçada. Rssss. Sabe aquele pensamento na cama "Levanto ou não levanto?!!" A resposta não foi nem sim e nem não; foi "IM, IM, IM...". Putz, devia ter ficado na cama!!
Não foi legal, porque eu passeie praticamente todas as voltas, ai quando você está rodeada apenas de nadadores e olha pro relógio no final, bate um "Putz, minha cama seria mais produtiva". E na quarta volta de +- 800m cada, senti minha lombar travar. Ai doeu! Parei na água e alonguei por uns 4'.
Mas não vou deixar esse simulado que virou passeio abalar o psicológico no dia da prova, mas sim, entrar no mar pensando nos treinos de qualidade que fiz até lá. O caminho foi longo e ainda não acabou...
E sempre que compito tento fazer isso. Me concentrar no lado positivo, do tipo "Eu sei que consigo nadar no tempo X, vou nadar neste tempo. Eu sei que consigo correr a maratona para Y e é isso que vou fazer agora". Não deixar a mente cair na armadilha da própria mente, por nervossismo momentâneo; e se focar nos treinos que não foram de qualidade, ou mesmo, nos dias que deixou de fazer um treino ou completá-lo por falta de rendimento. A linha entre um rendimento espetacular e uma fadiga intensa é muito fina! Entre a gente dar tudo de nós mesmos e ficar vazia, sem nada é rápido!
Muitas vezes, quando começo um treino penso que o treino vai ser péssimo e que estou cansada. E se insisto e me mantenho forte e concentrada, acabo me surpreendendo. É essa situação que tento repetir numa prova de triathlon longa, como o IM, em que o cansaço bate e a probabilidade das situações darem errado e da gente se render e parar de lutar são grandes. A mente tem que ser persistente e paciente acima de tudo, e mais do que isso, temos que ACREDITAR que a situação é momentânea; que a dor vai acabar, que o corpo vai reagir, que vamos acelerar e atingir o objetivo, o tempo, as concorrentes. Isso, é muitas vezes difícil de se fazer, e por isso, deve ser treinado. Gosto muito de fazer treinamento mental; até mais do que o físico. Ambos são extenuantes. E na hora da verdade, os fatores que influenciam um resultado de IM são tantos, que os "melhores" são aqueles com a mente mais forte e persistente às diversidades, principalmente porque prova de IM perfeita é difícil
Quem ganha, nem sempre é o mais rápido, mas o mais bem preparado às diversidades. A postura, força e equilíbrio mental são decisivas, se eu pensar como minha mente entra numa prova quando ganho e quando eu perco. Isso é muito claro.
Posso dizer um pouco do que eu acredito que seja importante para um atleta estar com a mente forte e bem equilibrada, pronta para ganhar;
1. Sentir confiante - saber do que somos capazes, de todo treinamento que fizemos, de todo sacrifício que fizemos, dos treinos surpreendentes que mostraram o que somos capazes;
2. Sentir bem preparado -para aceitar qualquer situação -sem medo- e resolvê-la rapidamente e sem se deixar abater;
3.Estar MUITO BEM esclarecida do motivo de estar lá; qual o objetivo principal -ter uma razão muito forte, caso contrário quando a dor ou o obstáculo chegar, tudo que vai sobrar é questionamento e perda de foco;
4. Acreditar no que podemos ser e aonde podemos chegar;
5. Agradecer por estar lá dentro da largada- ter certeza que não gostaria de estar em nenhum lugar fora dentro do "ringue", e se sentir a benção - pela oportunidade-, o prazer -por estar fazendo o que ama- e a paixão - pelo esporte.
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