domingo, 1 de abril de 2012

Extremo mesmo

Dia 1 de abril aconteceu o GP Extreme em São Carlos, prova com distância Star, 1km de natação, 100km d bike e 10km de corrida.
A prova foi dura - ainda mais que ano passado!- e quase nada saiu como o desejado.
Sem brincadeira típica de dia da mentira.
Gosto de dizer que as coisas "certas" ou ideais não aconteceram= muitos imprevistos. Nada conspirou a favor.
Sei que faz parte do triathlon e apesar de ter ficado muito chateada, assim se aprende. Pra tudo tem a primeira vez e é muito importante a forma como lidamos com os imprevistos - surpresas ruins, neste caso.

O percurso técnico não apenas requer que o atleta esteja bem treinado, como que a bike esteja 100%. No meu caso, não estou com o pedal ideal e desejado - vou precisar me esforçar de verdade agora há 2 meses do IM-; mas estou mais bem treinada para o percurso do que ano passado. Ainda não consegui comparar os tempos, pelos resultados oficiais, mas devo analisar muito e ter algumas conclusões a mais sobre as comparações.

Sempre incrível o clima de provinhas de triathlon, porque reencontramos muitos amigos, pessoas queridas e atletas que admiramos. Sempre muito companheirismo e um clima amistoso, apesar das competitividades que rolam a partir da buzina de largada.

Larguei minhas coisas na T2 de corrida e fui descobrir que tinha outra transição, a T1 - não fui no simpósio técnico, porque gosto de descansar na véspera da prova... Fui pedalando até lá embaixo, mas não imaginava que era tão longe. Achava que ia dar pra voltar pro carro, comer, guardar tudo direitinho... Mal sabia que ia ser impossível...
Larguei tudo lá, e pouco antes da largada estava com uma fome gigantesca. Já tinha tomado o único gel que tinha levado para antes da largada. E como tinha tomado café as 6 da manhã; já era próximo das 9. Eu, geralmente, preciso comer de 2 em 2hr, ou até menos.

Largada feminina minúscula e após a masculina. Sinceramente não me agrada. Eu defendo uma largada única, porque separada é pessima. Parece que você perde a prova toda. Não vê ninguém; no caso dessa prova, todo mundo na tua frente. Não gosto. Prefiro pancaria e guerra que dá um frio na barriga absurdo, do que largada com 30 mulheres.E largada única já prepara psicologicamente para a largada de 2 mil pessoas de IM.
Na água, pelotão da frente era Aninha, Ju, sei lá mais quem.. não dava para acompanhar mesmo. Abriram uns 50-100m. Nadei sozinha o tempo todo e torrando com a roupa de boracha - desacostumei a nadar com roupa, ainda mais de manga longa; penso sinceramente em usar uma sem manga no IM, mesmo com água gelada.
Sai da água e me falaram que era a 8 mulher. Minha roupa de boracha emperrou e um cara abriu pra mim. Sai da T1 20m atrás da tal da Priscila Dutra, da minha categoria. Ela nadou sem roupa, saiu na frente, mas demorou mais na T1, mesmo com minha roupa emperrada.
Meu primeiro erro - se já não esqueci de algum: coloquei a porcaria da pochete ao contrário, o zíper estava virado pra baixo e tudo que eu pegava tinha o risco de cair algo mais no chão. Dito e feito, perdi meus 3 gels, tomei um, e fiquei com as batatas.
Erro 2: ter usado a porcaria do meu capacete velho que destrói com minha testa. Preciso de outro urgente...

Minha estratégia no pedal era a seguinte: pedalar a primeira volta em ritmo tranquilo, tanto porque quase sempre demoro um pouco pra recuperar do "baque" da natação, tanto porque o percurso é repleto de subidas.
Esse ano o percuso da bike tinha 5 voltas e meia. Não sei quanto o cateye dos atletas mediu. O meu mediu mais que 100km, e eu sempre sigo as curvas pra não pedalar a mais. Perguntei para uns 3 atletas e todos me falaram uma kilometragem maior. Até por isso, perdi as contas das voltas e pensei que se parasse iria dar um pouco a menos, mas se continuasse ia dar a mais. Algumas pessoas acharam que eu tinha pedalado uma volta a mais, mas não. Estava seguindo as meninas da frente e por isso tenho certeza que fiz corretamente.

Pouco antes daquele braço lateral que imenda nas subidas, sinto meu selim sambando na bunda. Pense, que P%$#@ é essa?? A bike voltou a uma semana da revisão. Treinei na estrada, fiz rolo e nada. Continuei e começou a sambar muito; achei até que ia cair se ele se soltasse. Isso nunca tinha acontecido em qualquer bike que andei. Fiquei p$#%^&. Porque SEMPRE ando com meu conjunto de chaves e na noite anterior durmi pensando que não poderia esquecê-lo. Esqueci. Que "zica". Depois de hoje, nunca mais esqueço.
Fiquei uma volta pedalando em pé, e encostando, pedindo mecânico/ajuda.
GRANDE falha da organização: Cadê a P^%$#@ da Shimano sei lá o que?!! Não ia ter apoio de mecânico?? Não tinha pra algo simples assim! Nossa fiquei p%$#@. Um ciclista depois que viu que uma volta depois ainda estava como estava, foi atrás e me ajudou. Aliás esse anjo, também me deu gatorade, quando houve FALTA de água no ciclismo.Pense bem: fazer prova de maiô também tem suas vantagens.

Luiza sem gel; poucos pontos de hidratação; São Carlos seco e cadê a bendita P%#^& da água?!
Tudo bem que não estava bem posicionada na prova. Alguns momentos realmente pensei que era a última mulher, porque logo na primeira volta, umas 10 mulheres me passaram - TODO MUNDO. Mas a organização tem a obrigaçào de oferecer condições iguais para TODOS os atletas - do primeiro ao último. A prova toda FALTOU muita hidratação. Acho que ganhei mais hidratação de desconhecido do que da organização. - Rsss - ou  eu realmente devia estar parecendo mal! - Sabe aquele "looking good que você escuta nas provas fora do Brasil?! Pode ter certeza que quando escutar é porque você está NADA bem.

Sabe o último post sobre a bike que eu montei?!  Então, retiro TUDO o que eu disse. Simplesmente não consigo entender quem consegue usá-la e gosta. Vou ter que perguntar pessoalmente, pra Ana Lídia e outras pessoas. A bike é pesada, o clip é horroroso, o freio traseiro é bonitinho mas pra pegar na roda é uma piscada, o porta caramunhola fica incômodo, o câmbio original é duvidoso para o meu gosto. Fora isso, temos aquele polêmico tema sobre rodas aro 650. Quem defende, defende! Quem é contra, é totalmente contra! Tem campeãs mundias de ciclismo usando; tem estudos que dizem que mulheres com pouca/menos potência tem vantagem com o uso desse tipo de roda. Tem gente que diz que você pedala mais e gasta mais energia. Tem algum estudo recente que mostre que bikes iguais com aros diferentes em um mesmo percurso e mesmo atleta tem diferença?!!

Voltando...


Esse tipo de prova é F%$$$&. Eu posso treinar potência; tiro em subida, que não fico mais rápida em subida, fico mais rápida em plano. Posso estar errada, mas acredito que seja tipo de fibra muscular. Não ainda mais tentar trabalhar e desenvolver nos pontos fracos. Não adianta. Eu nunca vou ser boa em prova assim. Nas subidas eu vou girando e beleza; tenho uma resistência boa pra ficar o dia inteiro lá, mas nunca vou ter aquela potência de Elite.
Chega as descidas, a pessoa coloca na combinação mais pesada, gira igual uma louca e pesa 48kg. Não desce rápido nem a pau. Ai, quando você pensa que não é só isso. No meio  da descida tua corrente cai. Simples assim. E ai fora o probleminha mecânico zicado do selim. Imagine isso se repetindo mais 3 vezes.
Minha vontade era jogar a bike de X mil reais - parece piada- o mais longe possível e continuar correndo a porcaria do percurso. Eu não sabia até HOJE que a corrente da bike PODE cair quando você faz a combinação mais pesada na bike. Pra mim soa como piada.
Na minha cabeça isso faz algum sentido acontecer, quando as marchas estão desreguladas; o indivíduo acredita que está não está na combinação mais pesada -porém está! - , aperta mais um, e a corrente cai.
O problema é que não foi isso.

Pensei em parar várias vezes. Não parei porque sei que represento muitas pessoas que acreditam em mim. Pensei no Ricardo. Se não fosse pensar neles, sinceramente, tinha parado na terceira volta.
Pensei em cortar uma volta e meia e sair pra correr, usando a prova como treino de luxo, já que nada favorecia. Porém, não o fiz, porque achei injusto sair pra correr na frente de um monte de meninas que estavam pedalando forte o trecho todo, completando e brigando por um lugar no pódium.
Virei pro lado umas duas vezes na bike e vi o Ciro. Lembrei do IM de 2010 que o pneu dele furou 2 vezes e ele conseguiu mesmo assim a vaga pra Kona. Nunca furou pneu algum meu - vamos bater na madeira pra que aconteça outro ano. E como presenciei hoje, para tudo se tem a primeira vez. Imagino que o dia que acontecer comigo vou ficar com raiva, como hoje. Só não gostaria de entregar os pontos, mais ou menos como fiz hoje.
Podia ter sido diferente. Não que eu garantisse um primeiro lugar, ao invés de terceiro. Mas que saísse pra correr forte e com ânimo. Simplesmente se eu tiver a oportunidade de dar 100% de mim, não vou ligar se fiquei em primeiro ou em último da prova, porque sei que não teria o que fazer fora o que foi feito.

Terminei o pedal depressivo, com os fantasmas lá no final; mas pelo menos a última volta a organização colocou umas crianças para entregar água -quente- na subida final. Consegui passar 2 ou 3 meninas, mas nem de perto recuperei o que perdi. Ao contrário de fazer um pedal progressivo, como tinha imaginado, só regredi e perdi tempo.

Saí para correr e encontrei um amigo. Fechamos a primeira volta juntos. Fiz a última volta, e o contrário de muitos atletas, não precisei caminhar e nem tive cãimbras. Primeiro, porque não forcei; segundo, porque não tive essa oportunidade.

Fico chateada de pensar. Depois que tinha arrumado o selim, estava lá, feliz da vida, engrenando, e PUFT.... Ai um monte de gente Y me ultrapassava. Ai quando comecei a engrenar de novo, passei todo mundo, PUFT. Todos os retardatários me passando de novo. Que desespero! Que câmbio de m&%$#@! Eu TERIA que colocar uma proteção ao final do cassete para isso não acontecer. Mas como saberia?

Fui correr com hipoglicemia absurda, achando que ia desmaiar -tomei café cedo; senti uma dor de gastrite muito forte nadando; só tinha umas batatas na bike; faltou hidratação...
Meu estado era tão bizarro. Que larguei a bike e esqueci do capacete! Um erro de amador PRÉ iniciante! Rss.Que vergonha a minha! "Ainda bem" que toda a Elite que já tinha acabado - há umas 2 horas-  e a torcida gritou pra mim a tempo - vergonha duplicada!! Joguei o capacete no chão e sai da transição. Esse momento foi histórico. Sai da T2 pensando que talvez fosse desmaiar e precisava de glicose. Pensava numa coca cola. Cadê a T2 de IM, com coca, staff, mordomia?!! Rsss.
Tinha 2 gels, e tomei os 2 juntos. Meu amigo me deu mais 2.


Tive problemas com o staff de bebidas, porque eles deveriam estar exaustos de tanto trabalhar e eles ficavam conversando. Ai quando já estava na frente, eles tentavam agilizar alguma bebida. Mas NÃO consigo parar de correr pra pegar alguma bebida. Igual pedalar, quando começo a entrar no ritmo, se parar, quebro.
Talvez hoje tenha sido o dia de quebrar mesmo. Quebrar para continuar. Teste de persistência.

Voltei dirigindo para Campinas ouvindo Adelle e com lágrimas escorrendo em alguns momentos. Não porque tenha perdido, pois acima de ganhar -fato que não ando fazendo há um bom tempo já - o importante pra mim é estar fazendo o que eu gosto.
Imprevistos acontecem, mas fiquei muito chateada de não ter tido a possibilidade de fazer o que eu gosto. Nadar eu consegui.
Pedalar não.
Correr, apesar de ser no final de uma prova dura e ter ficado como fiquei, eu tive essa possibilidade.

Saldo final do dia: aprendizados, reflexões, conclusões e a "bunda" rosa.
Algumas delas:
-Volto a fazer essa prova quando realmente estiver pedalando de verdade - uns anos por ai.
- A Elite dessa prova é sadomasoquista, pois fazer esse percurso em TT é um absurdo para minha mente compreender.
- Desisto de fazer provas com enfâse em subidas no ciclismo; não subo e nem desço.
- Repenso no rumo da minha vida de triatleta; no tipo de prova e em um todo.
- Nunca mais faço prova doente. Não aguento mais catarro sufocando; assoar nariz; catarro, catarro... - espero que em 2 semanas esteja bem.
-Outras tantas que seguem por aí.
- A "bunda" rosa?
Quando comecei no triathlon, prometi para mim mesma que nunca ia deixar marca da bermuda na perna - acho horrível! Em Floripa, no verão, quando o sol é forte e queima, eu treinava de sunquini ou tirava a marca pegando uma praia pós treino. Morando no interior, a bermuda é obrigatória nos treinos. "Bunda" e perna brancas no sol de São Carlos após 5 horas - isso mesmo, foi mais ou menos isso!!! = cor de rosa. Achei que uma foto seria mais inapropriado do que usar maiô numa prova de triathlon.

Isso galera!
Semana que vem trabalho o fim de semana todo - até domingo de Páscoa! - e nos outros sigo com minha programação; Volta a Ilha/Long Distance Caiobá/ treinos em Floripa.





Créditos das fotos: 3T girls: Sole. Restante das fotos: Tiago Pimentel.

2 comentários:

  1. "Entre os melhores estão os que continuam correndo quando as pernas tremem; os que continuam jogando quando o ar acaba; os que continuam lutando quando tudo parece perdido... Como se cada vez fosse a última!
    Convencidos de que a vida em si é um desafio.
    Sofrem, mas não se queixam, porque sabem que a dor passa, o suor seca, o cansaço termina.
    Mas há algo que nunca vai desaparecer: a satisfação de ter conseguido.
    Em seus corpos há a mesma quantidade de músculos, em suas veias corre a mesma quantidade de sangue; o que os torna diferentes é seu espírito.
    A determinação de alcançar o topo.
    Um topo ao que não se chega superando os outros, mas a si mesmo." (Allen Iverson)

    Sempre em frente... ;-) todo apoio!
    Bjs,
    Le

    ResponderExcluir
  2. Lindas as palavras!
    Não podia de deixar de te agradecer pela inscrição!!!!
    Foi você que tornou a prova possível!
    E depois disso, estou saindo pra treinar! Rss
    Beijo

    ResponderExcluir