quinta-feira, 18 de abril de 2013

Long Distance Caiobá 2013


Abril chegou com muita consistência na natação e na corrida.

Na primeira semana de abril, trabalhei todos os dias da semana, emendando uma semana na outra, sem descanso de treinos; e fiquei um pouco preocupada que isso afetasse o desempenho da primeira prova de triathlon deste ano. Assim, coloquei como meta principal do Long, entrar em ritmo de prova e tentar abaixar o tempo. Sabia que havia evoluído na natação, e a corrida estava bem encaixada, apesar do masacre na Meia Maratona de Campinas.

Consegui tirar banco de horas no clube, e fui viajar na sexta. A viagem é demorada.
Sábado choveu o dia todo; dei uma corridinha leve e ai só relax, arrumação pré- prova, kit, e a preocupação é "comer".

O dia da prova chegou, antes da largada encontrei amigos que gosto muito, e que não via desde o Iron do ano passado!

Tudo pronto, largada dada.
A natação foi curta e a favor; dei a primeira volta com 10’ e sai da água com 21'.

Fui pedalar e nunca vi nada igual; tinha pelotões gigantes como grandes montanhas, e o ciclismo virou um caos.
Se minha preocupação antes da prova era como saíria o meu ciclismo, por conseguir ir apenas uma vez na semana para a estrada, e o resto rolo ou mtb; durante a prova, a minha preocupação foi sair do caos.

Não tinha lugar para ultrapassar; os pelotões não eram de 5-8 atletas como sempre vi por ai; que te passam e nada afetam em alguém que está no canto direito. Eram pelotes de 20-30 negos, que cobriam
todo o espaço. Eu passava, os caras colavam junto; eu deixava eles irem, vinha outro pelote atrás. Eu tentei várias fulgas, em 10'' eles grudavam de novo. Eu não sabia o que fazer, porque nunca tinha experienciado isso tudo. Não achava espaço para pedalar. Eu fiquei a prova todo xingando, brigando, passando pela esquerda, na faixa da contra mão. Diminuir o ritmo não adiantava, porque vinha outro pelote, e aumentar o ritmo também não, porque tinha outro pelote na frente, ou o povo simplesmente grudava e ia junto. Fiquei stressada com os bolos de gente e a arbitragem lá tentando controlar alguma coisa, e algumas situações até piorando.

Levei penalização de 8’- eles me avisaram quando estava pedalando. Achei que teria que ficar na T2 esperando, mas não foi isso que aconteceu.

Saí para correr forçando a primeira volta para entrar no ritmo. E corri a prova toda com o Emerson Fuga; a parceria foi boa, motivante. Segurei um pouco a segunda volta - um trecho eu dei uma cansada- e na última volta, eu puxei um pouco mais, pois estava me sentindo bem. 1hr29'. Forcei o máximo que deu em toda a prova.

Terminei em 6 geral 4hr07'; atrás da elite apenas: Vanessa (3hr52'), Carla Moreno, Mariana, Bruna Mah, e Fernanda Garcia. No geral, mantive uma consistência nas 3 modalidades; sai da água em 8, passei a uma menina na bike e uma outra com 300m de corrida e fui só me aproximando das meninas.  No final da prova, fiquei muito feliz com o meu resultado. Gostaria muito de ver as parciais da prova, mas nem isso a organização acerta. Na lista oficial fiquei em 7 lugar por causa da penalização.

A boa notícia foi que não fiquei dolorida praticamente em nada e estou treinando normalmente essa semana.


Ano passado em Caiobá fiz um pedal totalmente sozinha e saí para correr p%¨&$ por causa dos pelotes –esse ano eram pequenos: 5-8 caras-que levavam as meninas. Fiz um relato muito polêmico e depois da prova fui conversar com as meninas. A minha postura não mudou, e não vai mudar. Toda prova de triathlon que acontece no Brasil é a mesma coisa: 70.3 de Penha, IM Brasil, todas... depois da prova é só discussão e polêmica sobre vácuo.

Hoje, com a experiência que tive em Caiobá, este ano, que me surpreendeu muito; acredito que muito pode ser evitado se ambas organização e atletas quiserem colaborar para mudar este cenário.

O Vagner Bessa, em seu blog, indicou a responsabilidade e exemplo de os treinadores e assessorias esportivas para uma reeducação e mentalidade no esporte. Eu concordo em parte; acredito que treinadores e assessorias sejam apenas uma parte da solução do que acontece nas provas de triathlon.

Apesar de eu não ter tido intenção de tirar vantagem -nunca pego roda, nem em treino- aceito minha penalização –a primeira que já tive- pelo simples fato de estar no meio da zona. Acredito que 200 e tantas penalizações geram um impacto no povo e faz as pessoas repensarem nas atitudes que terão nas próximas provas. Acredito também, que os atletas da elite são atletas que deveriam dar exemplo para os demais; e não é isso que vejo em nenhuma prova que vou no Brasil. As atitudes desses atletas e de seus treinadores se misturam àqueles amadores que formam pelotões conscientes do que estão fazendo.

Em Caiobá, dentre as 6 primeiras colocadas, apenas as 2 primeiras não estavam na lista de penalizados. Um atleta alega que uma delas esteve em sua roda a prova toda. Se a primeira colocada tomasse penalização ou desclassificação não seria mais a primeira. Qual o exemplo de uma atleta de elite- uma brilhante aliás-, que chega em primeiro lugar, toma penalização; mas tem a sua penalização anulada por intervenção de sua treinadora. E o resto das meninas? é justo?? O mesmo ocorreu com homens da elite. Se a organização vai penalizar todos os atletas que julgaram necessário, eles são obrigados a penalizar todos, sem cancelamento ou favorecimento de nenhuma atleta.

Treinadores e assessorias dão exemplos mesmo. Seja nessa situação, ou em uma muito comum de se ver em qualquer cidade que se veja uma galera pedalando em grupo, em pelotões, nos treinos diários.

Eu adoraria treinar ciclismo em galera; não posso, hoje, por causa dos meus horários e dias de folga. Sempre pedalo sozinha; de vez em quando, com a cia de uma pessoa – minha irmã, um aluno ou um amigo. Em Floripa pedalava com uma galera, mas nunca gostei de pedalar em mais de 2 pessoas, porque não gosto de pelotão. Acho perigoso e irritante. Sempre que fiz prova olímpica ou short de vácuo liberado eu me forçava a ficar na frente do pelotão, sem revezar, porque não gosto.

Acredito que uma parte da solução de espaço físico seja a largada separada e mais demorada – 30’ pelo menos- entre homens e mulheres; ou então em waves, porque não, como ocorre fora do Brasil e funciona muito bem. E também uma natação mais longa, e não mais curta. A maior distância da natação espalha os atletas, pois a maioria dos triatletas têm uma natação bem mediana. A organização quase sempre erra a distância da natação para menos, e não para mais.

Não acredito que divulgar os nomes dos penalizados em rede social seja a solução de qualquer problema; até porque sempre vai ter gente que está fora da lista e deveria estar, e ao contrário também. Não acredito que divulgar fotos ou vídeos de pelotões em rede social seja a solução, também não. Todos podem alegar que foram cortados ou que estavam prestes a ultrapassar; não existe julgamento correto a não ser aquele lá naquele momento, ou então vídeos mais longos.

Fiz várias provas fora do Brasil, e a única prova que vi uma p^$#^ foi o Mundial em Kona. Lá não existe punição - não se vê nunca UMA penalização, mesmo havendo penalty box-, e difícil ver ou ser divulgado resultado de exame anti-dopping. É a educação, a mentalidade, e consciência de cada um que está lá que valem. E nem por isso, os atletas deixam de respeitar quem está lá dentro. Pelo contrário, as pessoas idolatram os atletas que vão ã Kona. E ai?! 80% da prova pega vácuo. Eu fui 3 vezes, e posso afirmar em todas elas que andei devagar e sozinha contra o vento, que são poucas as pessoas que andam sozinha lá. Principalmente este último ano que tive problema mecânico; eu vi 1000 pessoas me passarem. Estava MUITO devagar, e vi MUITO bem como elas me passaram. Lá, a elite profissional dá um show e exemplo; agora os amadores fazem filas indianas sem fim para "fugir" do vento. Depois da prova, existe protesto?! Não! Eu nunca protestei. Eu jogo limpo, e aceito a realidade daqueles que não jogam limpo. Ou aceito ou não volto mais. O mesmo, tenho certeza absoluta que acontece com o uso de substância proibidas. Tenho certeza que um monte de atletas que vão ao Mundial fazem o uso delas. Eu não tomo nada e tenho que aceitar que existem atletas que tomam.

Sempre existe escolha.
Difícil mudar o ser humano. E muito mais tentar reeducar alguém.
No esporte sempre vai existir a competição; e quando se chega em um nível alto, muitos atletas fazem o que for necessário - mesmo ilicitamente- para ganhar.

Aqui no Brasil, que é onde acontece de a elite pegar vácuo, os atletas limpos deveriam protestar, primeiro, aos atletas que ganham em primeiro e segundo e pegam vácuo. Deveriam protestar, porque eles saíram ganhando - com checão, status e título. Eles, sim, estão fazendo de suas vidas -o esporte- uma mentira. O resto do pessoal, foi e sempre vai ser apenas um reflexo disso. O que esses atletas são afinal?!



No fim de semana vou para Floripa correr o Volta a Ilha juntamente com meus alunos CMC Runner equipe participação A. Vai ser um fim de semana focado na corrida!!

Floripa, que saudades!







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