Dia 24 de março, aconteceu a meia maratona
de Campinas; e corri representando o CMC.
Na corrida, estava priorizando a qualidade:
treinos de 40-45’
de tiros, ou “contra-relógio”. Sexta retrasada, fiz um “longuinho” de 1hr15’ e
durante a semana, na quarta, fiz 2 x 40’ contra relógio; uma na hora do almoço e
outra saindo do trabalho e indo pra casa.
Apesar do meu treinador, Ricardo, ter me orientado para correr todo domingo
um longo de 1hr40-2hr30’, eu achava que não era o momento de aumentar o volume,
já que no ciclismo e na natação já estava com o volume e a intensidade altos.
Sabia que não estava bem treinada para
correr 21km inteiros fortes, mas achei que era hora de encarar. Geralmente
corro os primeiros 21km fortes do ano no Long Distance Caiobá de de lá até o
Iron vou aumentando o volume, com intesidade alta. Dessa vez, resolvi desafiar
a mim mesma e mudar tudo.
Ano passado, essa meia maratona aconteceu
em julho, logo após o Iron. Não estava bem treinada e caí na largada. Um “mané”
que achava que corria rápido o suficiente pra largar na frente, me fez tropeçar
nele e me ralar toda no asfalto. Corri os 21km ardendo, toda ralada.
Apesar de não estar devidamente bem
treinada, coloquei a meta de abaixar o tempo do ano passado, que estava em pós
recuperação do Ironman Brasil, e corri para 1hr31’- um tempo alto.
A corrida é dura, pois tem muitas subidas.
Mesmo quando você acha que está no plano, é um plano falso; subida ou descida. Olhando
de relance parece ser menos cruel; mas correndo todo o percurso, é diferente.
Este ano o percurso aumentou, devido a
algumas críticas que foram feitas ano passado, pois o percurso não era aferido.
Eu, particularmente acho besteira. A prova já era dura pra caramba, e daí que
tinha 500m a menos?! As subidas compensam a distância. O que aconteceu esse
ano?! A distância aumentou; só que aumentou mais do que o necessário. O
percurso foi aferido de acordo com as normas internacionais; entretanto, a
distância ficou em 21,5km, mesmo correndo por dentro das curvas. Já a corrida
de 10km teve menos.
Larguei junto com o Serginho na frente,
porém no canto direito; traumatizada com o ano anterior. Saímos fortes e segui
com ele até km 4 ou 5. Ele me largou e acelerou. Eu segurei o ritmo até este
momento com a 5ª colocada geral. Mas resolvi segurar o ritmo; estava muito
forte.
No km 5 o Rafinha me passou voando! Mantive
a distância de 100m dele até o km 8, mais ou menos, quando ele seguiu em frente. Foi no km 5,
em que encontrei uma galera do triathlon e fomos juntos.
Na metade do percurso, 10,5km, o relógio
marcava 42’
e alguma coisa. Estava forte, mas não era 38’ ou 40’. Continuei na Lagoa do Taquaral – que
percurso chato!
No km 11, o Claudião me passou e mantive
contato visual de 150m-200m até o final.
Km 14 estava cansadinha e bateu 1hr de
corrida. No final da Lagoa, eu não agüentava mais aquele mesmo visual de
sempre; enjoativo e monótono. Queria sair de lá e seguir a Norte Sul, em
descida, e acabar de uma vez essa corrida. Por ai, o Pimentel me passou, e acho
que ele assustou com meu estado, ou melhor, falta de simpatia. Eu digo mais,
era dor, com mal humor acoplado. Porque sentir uma dor dessas em uma Meia Maratona?!
Isso não é nada normal, em mais de uma década de corrida na minha vida...
Peguei a Norte Sul com descida e minha
perna estava completamente travada, subiu, desceu, e subiu e desceu. Queria
água e não tinha mais na corrida. Queria um gel para terminar a corrida, e não
tinha mais. A minha perna estava mais dura e travada do que me lembro de algum
dia ter ficado. Já não conseguia correr direito.
No km 17, marcava 1hr16’. E me arrastei com
o quadríceps com mais ácido lático do que posso descrever. Na cabeça, já sabia
que abaixar o tempo não era mais meta alguma, colocação geral também já não era
desde o km 5, quando parei de acompanhar a 5ª colocada. Terminar era tudo que
eu pensava. Queria terminar esse sofrimento miserável e ir para casa.
Nem sprint final consegui dar, e a 10m da
linha de largada uma mulher laranjinha, desgraçada, me passou, com um sprint
final, rindo de ipod no ouvido. Ai, que raiva que fiquei! Não bastasse a
corrida, a mulher tinha que ter me passado?!! Ainda mais uma com música no
ouvido..
O melhor da corrida foi acabar! Encontrei
todos os meus amigos! As meninas que chegaram na minha frente; as meninas que
correram os 10km! Os amigos que encontrei na corrida e me deixaram para trás e
aqueles que travaram também e chegaram atrás de mim.
Saí direto para o Regatas. Pulei na piscina
e nadei 1500m; 500m só de pé de pato, para ver se soltava a musculatura. Nem
impulso na piscina conseguia dar!
Segunda, fui dar aula de corrida para os meus
alunos e eles comentaram “Logo você que é tão experiente, blá blá blá”.
E eu digo: - Chega um momento em que já se
percorreu bem e mal todas as distâncias possíveis da modalidade; e é necessário
se desafiar fisiologicamente; é tudo ou nada. Se a meta era abaixar o tempo,
então é estratégia suicida mesmo. Não adianta mais, a estratégia conservadora
de “Segurar metade e acelerar na outra metade”. Descobrir até quando seu corpo
agüenta; e qual o limite. Acho isso totalmente necessário. Apesar de amar prova
de longa distância, sempre fui estilo suicida. 100% ou 110% até quebrar e não
agüentar mais. Eu faço muito isso nos treinos, e acho bom, porque o treino que
eu agüento tudo mostra que estou realmente bem.
Além disso, estava participando de
triathlon ou provas de corrida de até 10km, que são provas curtas e suicidas.
As de triathlon, não importa o quão forte eu vá; como já nadei e já pedalei,
impossível eu atingir um ritmo abaixo do limiar. E as curtas de corrida, como
são curtas, dá pra agüentar o “tranco”, porque acaba rapidinho; mesmo em
velocidade máxima...
No final, fiquei chateada de ter quebrado
assim em um ritmo que não foi tudo aquilo. O percurso era duro, mas tenho
outras explicações para o acontecido. No entanto, estou feliz de ter feito que
fiz; caso contrário, não saberia. Coragem para chegar no limite é sempre
importante e faz parte do amadurecimento e evolução.
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