Parece um tanto cliché. Como D2 insiste em repetir em todas suas músicas, a busca incansável pela batida perfeita, nós triatletas pela nossa prova perfeita.
Digo prova, por costume, porque ninguém tem que ser aprovado ou reprovado. Pode até ser um teste de como os indivíduos estao naquele dia. A palavra mais apropriada seria race em ingles. Se dizer corrida, soa apenas como correr. Se disser competicao soa como se tivesse um único próposito. Se disser triathlon parece que singulariza para o esporte.
O triathlon é um esporte difícil, nao apenas porque exige do indíviduo ainda mais disciplina e consistencia nos treinos, mas por exigir dos atletas todos os músculos do corpo, em velocidade de membros, forca, potencia e resistecia, e principalmente sustencao. Além de tudo, nao existe descanso, as transicoes também fazem parte da modalidade, assim, considera-se o triathlon como um todo: nadar-pedalar-correr, e toda a preparacao que faz parte desse processo (T1 e T2), é tao importante e decisiva quanto.
Um querido amigo meu, que tive o grande prazer de conhecer em Kona em 2010, Pablo Ureta, um triatleta que tem um historico invejável. Ele tem 24 IM com 30 anos, sendo deles, 11 classificacoes pra Kona. Ele nao tem consistencia nenhuma HOJE no treinamento do dia a dia, mas pela base sólida e historico, todo ano ele consegue classificacao pra Kona mais de uma vez. Esse ano, nos reencontramos em St. George, onde fizemos o IM, e ele relatou diversos IM dele, cada um com um “problema”, e que no final trouxe experiencia e muito ensinamento.
Estou o citando por um motivo. O ano em que ele estava mais bem treinado em Kona, ele teve uma prova terrível. Vomitou o ciclismo e a corrida toda. Ficou mais de uma hora deitado no asfalto dormindo por fraqueza e desidratacao. Ele nao conseguia ficar em pé. Nao caminhava. E ficou largado lá, até levantar, e aos poucos, terminar aos prnatos.
Eu pergunto: Quando conseguimos uma prova perfeita? Redondinha? Quando a gente alcanca isso? Quando somos os topos amadores da prova (primeiros), quando somos profissionais??
Se muitas vezes, quando nós temos mais confianca e forca, estamos melhor treinados, nosso corpo reage de outra maneira e joga tudo contra a gente.
Eu nao sou uma triatleta que compete todo fim de semana, muito menos todo mes. Alguns semestres consigo ter a felicidade de correr 3 ou 4. Mas muitos semestres se passam com 2. 2009 por motivos de forca maior (salário decente, patrocínio ou pai- familytrocínio)) passei com UM Ironman e uma ultramaratona, todas em menos de um mes entre uma e outra. E o resto do ano? Só treino. Consistencia em treino. Pelo menos os treinos saem redondos de vez em quando! Rss
Assim, nao posso me incluir no grupo dos triatletas experientes em competicao de triathlon, assim como sao muitos amadores e certamente os profissionais. Mas todo ano, busco o aprimoramento da técnica, do tempo, das distancias nas provas. Em quase 4 anos de triathlon nunca consegui um triathlon redondinho. Consegui encaixar natacao “forte” (nao sei como! Rsss), ciclismo nada demais, corrida forte. Ou entao, apenas corrida forte pra tentar compensar. Ou entao, mesmo sendo corredora, natacao e ciclismo fortes e corrida quebrada e fraca. Ou entao, tudo péssimo, só salvando as transicoes.
Única prova que geralmente encaixei melhorzinho foram olímpicos, que tudo fica bem balanceado. Teve um em Floripa, que encaixei natacao, ciclismo e corrida. Mas escorreguei num retorno que fiz forte e deslizei longe. Levantei em carne viva. Fui correr escorrendo sangue, com as maos anestesiadas de dor, mas estava afim de recuperar as posicoes perdidas no tombo. Corri pra 42’, parecia um monstrinho papando todo mundo toda suja de arreia e sangue. Mas voltei pra posicao inicial, um grande resultado, e mais cicatrizes pra colecao.
E por isso eu sonho com a prova perfeita. O dia que me sintir bem na água, na bike e na corrida, e nada conseguir interferer isso, nem por um momento.
Sonho com o IM perfeito.
Digo, se em prova olímpica eu sai em carne viva, nem imaginem as estórias que eu tenho de IM… Já pedalei mais da metade do ciclismo com tontura forte e dor de barriga, já nadei sem óculos e sem toca, já capotei ao tentar sair da bike com transicao perfeita e as pernas bambas nao aguentarem… Ishiii, já aconteceu tudo e mais um pouco comigo. Nada disso foi capaz de tirar meu foco. Como estou acostumada a esperar por tudo, mesmo torcendo pra que nada aconteca, nao me abalo com nada disso. Tenho uma reacao rápida em resolver problemas e seguir da melhor maneira.
Mas é por isso mesmo que eu vivo em busca de terminar pelo menos umazinha, bem redondinha, sem ter que tomar Skoll pra isso (única e última piada sem graca).
Tenho certeza de que se eu conseguisse fazer mais, mais fácil seria de alcancar isso antes.
Demore o que precisar, um dia vou relatar um dia perfeito em que tudo conspirou a meu favor. Seja com 30, 40 anos ou mais. Seja no 24 IM ou mais.
Eu acredito!
Oi Lu.
ResponderExcluirTexto animal e numa vibe ótima. Fico feliz.
Olha, com apenas duas provas de tri, acho que a prova perfeita é bem complicado.
São tantos fatores em uma prova longa e nas nossas vidas, que Meu Deus.
Treinamento, Família, Grana, Corpo, Alma, Mente, Mar, Maré, Vento, Bike, Alimentação, Hidratação ...
O Vinnie que treinou o Bessa falava que era complicado analisar provas pq são tanta variáveis. E é verdade.
Nietzsche dizia que a realidade não existe, porque segundo ele, ela sempre é fruto das nossas avaliações.
E a sua avaliação perante a vida é essa: "Tenho uma reacao rápida em resolver problemas e seguir da melhor maneira." Isso muda totalmente a visão das coisas. Que aliás é uma puta qualidade, o jeito como lidamos com os problemas.
Tudo de bom !!!
Lembra mesmo um texto do Vinicius - mas, segundo ele, a busca da prova ideal é como tentar alcançar a "onda perfeita".
ResponderExcluirTambém tem razão sobre comparações, Xampa.
Eu entendi sobre as provas perfeitas, onde as coisas se encaixam...
Mas, vem cá Lú: a prova perfeita não parece aquela namoradinha(o) que tem tudo certo, mas é tão certo que perde a graça? (rs)
Uma prova em que tudo encaixe...huuuummmm...acho difícil.
E talvez seja assim mesmo.
Em Caiobá, por exemplo, foi a "prova perfeita" pra mim, meu melhor resultado.
E a camara furou!
Ai, por conta disso, eu respirei e "fui pra morte".
Mas sem compromisso...queria apenas me divertir.
Talvez se tudo tivesse dado certo, o resultado não fosse tão bom...(rs)