sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Ironman World Championship 2013

Olhando posteriormente, vejo que fiz uma boa prova. Ironman em Kona nunca é fácil. Apesar de ter tido "grandes" condições climáticas. A prova lá é sempre dura. Só fala o contrário, quem estava fora da prova assistindo e achando que estava todo mundo muito rápido.

Caí na água 20 minutos antes da largada e fiquei lá na água me movimentando para ir aquecendo e já me posicionei aonde gostaria; melhor escolha que poderia ter feito ao invés de ficar acumulada lá fora esperando e com o corpo frio. A minha natação foi muito bem encaixada, porém nadei com pancadaria forte o tempo todo. Muita porrada mesmo! Nadei bem rente as bóias na ida e na volta também. A um ponto eu nadava com o corpo todo ardendo de unhada que levei! Mesmo assim, o grande volume de treinos me fez sair muito bem disposta da água; posso afirmar que estava inteira. Saí da água sem ter certeza do tempo total, porque no meio da largada, não consegui largar o cronômetro. Depois vi no tempo oficial que sai pra 1hr06`. Não tão bem quanto imaginava. Mas era muita gente; fiz o que consegui!

Fui pedalar e encaixando um ritmo forte. Durante toda a ida a média foi alta. Como sempre, eu encaixo o ritmo mais forte que eu conseguir no ciclismo, e a hora que eu der aquela quebrada de ritmo, paciência; eu seguro firme até acabar, pois logo em seguida tem a corrida!
 Pode-se ver nos resultados oficiais, que a média de 32km/hr foi pra 40km/hr em alguns trechos e até 45km/hr; foram trechos sem vento e com vento a favor. Mas se for analisar a maior parte dos  trechos a média foi de 32-35km/hr, que é realmente o meu ritmo de prova de Ironman. Chegando em Hawi quase nulo de vento lateral; mas estava só esperando o momento que o vento viesse, porque lá sempre vem.  Rezei o pedal inteirinho, sem parar... Achei que nunca iria presenciar aquele lugar como encontrei no dia da prova. Nem parecia Hawi. Surpreendente!
O calor no ciclismo me surpreendeu, também. Caía água do meu cabelo em cachoeira para o meu rosto; ardia os olhos e ficava sem enxergar nada.
Fechei os 120km para 3hr30`cravado e achei que no máximo 2hrs fecharia o pedal. A previsão de terminar pra 5hr30`foi adiada com o vento forte para 5h45`. Os últimos 60km foram de vento contra e forte. Ninguém saia do lugar. As médias desse trecho de 60km foi para 24-27km/hr.
Depois da prova, o Rodrigo da Trisport me contou que de moto que ele estava, não saía do lugar e ele não acelerava mais que 60km/hr. Foi o vento contra que pegamos.

O que desanima COMPLETAMENTE é ver, no ciclismo, os pelotões sem fim e uma novidade pra mim; sem idade. Umas pessoas bem velhas e sem noção. Uma patifaria. Tinha muitos árbitros e vi 1/3 da prova levando punição. Mas eles punem uma vez e a pessoa nunca é desclassificada. Não é o suficiente. Todos que estão lá querem ter bons resultados e uma possível boa colocação, mas vejo que a organização do evento não colabora para corrigir isso. O ser humano é podre mesmo, não tem como mudar. O que poderia mudar é, uma segunda penalização, colocar o cara lá na T2, meia hora sentadinho.  Desculpa, mas uma pessoa que faz um Tour de France por Kona em um dia como esse, diminui,  sim, uns 20-30 minutos no tempo total do ciclismo. Putaria total. Vejo várias meninas da minha categoria que não pedalam o que fizeram sozinhas NUNCA! Pra quem não estava lá na prova, não viu e seguiu os resultados, pode afirmar com certeza, que eu pedalei mal pra caramba. Nào foi isso. Existe uma distorsão de valores em um Campeonato Mundial em que alguns competidores, ou grande parte deles, fazem qualquer coisa que estão ao seu alcance para tirar vantagem, ou até pior, prejudicar os outros. Meu pneu furado esse ano, pra mim é uma estória longa que nasceu em 2010.

Saí pra correr travada, e fui encaixando uma corrida razoável para 13km/hr no primeiros 10km e até o km 27 estava fechando um ritmo de 14-15km/hr. Mas ai meu gel acabou 10`antes do previsto e só fui reabastecer no km 30, quando peguei meu special need e fui tentando recuperar o ritmo que tinha caído bastante. Me sentia quebrada e estava me arrastando. No final, dei uma acelerada nos últimos 4km. Fechei a maratona para 3hr36`; não foi a minha melhor corrida em Kona. O calor absurdo e bafo me matou; porque o céu estava inteiro fechado e nublado, mas muito abafado. Eu peguei TUDO em todos os aid stations da corrida: água, coca, gatorade, gelo, esponja, água de novo. O que eu nunca tinha feito na vida em uma corrida de Iron, nem mesmo lá em Kona. Eu estava encharcada como se tivesse caído na piscina; muito bafo. Eu prefiria correr em sol forte com céu azul, do que nublado do jeito que estava; parecia estufa.

Abaixei o tempo e fiquei feliz com o resultado, pois fiz o que estava ao meu alcance.  Eu me foquei na minha prova e fiz o que consigui para ir bem. Melhor que isso, consegui abaixar meu tempo nessa prova, e fui a segunda melhor brasileira da prova, para mim pessoalmente, com gostinho de primeiro.

Parabéns a todos que completaram a prova e a todos que se superaram!
Terminei a prova atrás de muitos amigos e na frente de tantos outros!
Vi atletas sensacionais quebrados ao longo do caminho; vi pessoas que merecem, alcançarem grandes resultados, e pessoas que não merecem, subirem ao pódium.

O respeito e admiração que tenho por uma prova de Ironman; e todo seu significado e história, antigamente refletia, em um respeito por TODOS os atletas que faziam Ironman e por todos que já subiram ao pódium no Mundial. Hoje, o respeito inicial permanece, mas essa idéia final se distorceu na minha cabeça, porque muitos desses atletas não dão o devido respeito a uma prova dessa. As atitudes, os comportamentos e as éticas deveriam ir além de grandes resultados e vitórias; mas não é isso que se vê MAIS nessas provas. Alguns campeãos são inquestionáveis e extremamente talentosos. Isso serve para a atual campeã da minha ag 25-29, que foi campeã Mundial em todas as provas que disputou este ano, e que finalizou a prova para 9hr15`, correndo para 3hr05`; são casos raros; Cristies Wellingtons da vida. Entretanto, o espírito Ironman de Kona permanece vivo pelos grandes atletas que são sinôminos de superação. Não são aqueles que se dedicam exclusivamente para o esporte; são aqueles que se sacrificam -e muito - para estar lá. Não são aqueles que terminam a prova em 8hrs, mas aqueles que terminam em 16hrs. Não são os "estrelas" que ignoram a imprensa internacional, mas aqueles que tem família e trabalho de período integral.
Aqueles que têm prótese nas pernas, e aqueles que tem 78-82 anos de idade.
Aqueles que estão na prova sozinhos e solitários, lutando contra a força da natureza e tentando achar a própria força dentro da paciência e perseverança dentro de cada milha.
Terminar o Ironman de Kona e prestigiar os últimos a chegarem ou mesmo encontrar com esses atletas ao longo da prova, faz com que o espírito verdadeiro dessa prova permaneça vivo.
Terminar um Ironman sempre vai exigir um sacrifício diário, além de uma superação e esforço físico, mental e espiritual. As melhores provas, na minha opinião, são aquelas que fazemos correndo com o coração e sentindo a alma, mas que conseguimos manter a consciência equilibrada e ter os motivos da nossa presença ali, naquele momento, extremamente esclarecidos para nós mesmos.


A minha participação em Kona se deve a muitas pessoas. Sem elas eu REALMENTE não teria a oportunidade de retornar a ilha, mesmo com a vaga ganha. Eles sabem quem são! Obrigada a meus treinadores, amigos, familiares, namorado, alunos e apoiadores!












Can`t wait for the next!



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